Nós AMAMOS Shel Silverstein!

19:26



Oi gente!!
O post de hoje é muito especial: vamos falar de Shel Silverstein!
Um de nossos autores preferidos em casa, pois tudo que ele escreve sempre tem uma mensagem especial para as famílias, para as crianças…
Shel foi um escritor de origem judaica nascido nos Estados Unidos e, nos quase 70 anos em que esteve aqui neste mundão, escreveu e ilustrou livros dedicados ao público infantil capaz de promover profundas reflexões inclusive nos adultos. É, por assim dizer, um autor must have que precisa estar na sua estante infantojuvenil - e não são poucas as obras com que ele nos presenteou…

Fonte da imagem: Site Poetry Foundation


A primeira vez que eu conheci sua escrita foi ainda na faculdade, com um poema chamado Lazy Jane, que descreve uma menina tão preguiçosa (lazy) ao ponto de esperar cair a água da chuva para poder matar sua sede… Eu ainda não era mãe, e naquele momento ele ainda não havia conquistado meu coração, mas ganhou minha admiração com esse poema curto, leve e divertido, que chama atenção pela mensagem e a ilustração dessa Jane tão parecida com algumas crianças que conhecemos rsrs… Leia bem devagarinho com a criança, a ideia é dar um ritmo lento para caracterizar a preguiça da Jane:

E hoje, para brindar a obra de Shel, trago a vocês 5 títulos do autor para que conheçam mais um pouquinho do que ele escreveu…
Antes do boom do livro A parte que falta, Shel era bastante lembrado também por A árvore generosa, publicado pela primeira vez em 1964. Este foi o segundo livro dele, e é engraçado hoje saber que foi recusado por várias editoras até ser finalmente chegar ao público através da Harper&Row… É uma daquelas histórias que escutamos que se arrependimento matasse… rsrsrs… Muitos que recusaram devem ter se arrependido e muito! As justificativas que Shel escutou foram as mais variadas, mas que, principalmente, por ter um final considerado por alguns como triste, não deveria ser lido para uma criança… A aposta da editora foi certeira, afinal, nas palavras de Shel, a vida é assim: nem sempre tem finais felizes... Foi sucesso absoluto, consagrando-o como autor de livros infantis.
Eu particularmente não considero que a mensagem que A árvore generosa passa seja de tristeza: se observarmos pelo viés do ensinamento que o livro repassa, na verdade, é uma alegoria que representa a relação entre pais e filhos.
Rica na delicadeza e na sensibilidade, narra a relação entre uma árvore e um menino, e o amor dela pelo garoto. Na infância ambos são só brincadeiras: é leveza, diversão e cumplicidade o que permeia o dia a dia dos dois.
O menino cresce e a árvore guarda seus doces segredos juvenis, testemunhando os primeiros amores e descobertas… Já adulto, o jovem passa a ter outras necessidades, assim como ao longo de sua vida, até ficar bem velhinho.
Em cada etapa, a árvore se doa de maneira tal qual os pais fazem: sem nem pestanejar, entrega ao menino o que ela tem de melhor, para que ele possa encontrar sua felicidade e ter o que precisa. E não é assim mesmo que os pais fazem??? Sempre nos sacrificamos - e, sim, só quando viramos pais é que descobrimos os tropeços e dificuldades que nossa mãe ou pai passou para nos educar e criar - para poder dar todo o nosso melhor aos filhos… Assim como a árvore, que constantemente se doa (até o que já não tem) para poder proporcionar o que o menino precisa. Ela o chama de menino até quando já está andando de bengala: alguma semelhança com o fato de os filhos serem sempre um bebê aos olhos dos pais? rsrs…
Com uma tradução primorosa de ninguém menos que Fernando Sabino, A árvore generosa traz um texto que toca o coração em cheio e é pra ser lido em família, bem juntinho e aconchegado! Publicado anteriormente pela extinta Cosac Naify, agora ganha nova casa editorial: A Companhia das Letrinhas trouxe de volta essa e outras obras maravilhosas e imperdíveis do Shel =)

Confira na galeria abaixo algumas imagens do livro (clique na seta para passar as fotos):
A árvore generosa


Em Fuja do Garabuja (e outros seres fantásticos) o autor explora temas sempre tão importantes de abordar com as crianças: o medo e os monstros! E não é só um que aparece não: um apanhado de monstros (às vezes até fofos e engraçados) resolvem invadir o livro e com uma poesia divertida convida aos leitores a compreender cada um dos personagens e suas agruras, às vezes causando, inclusive, empatia em quem lê cada descrição dos bichos.
Com nomes e aparências pra lá de esquisitos (Zança de uma perna só, Pélico sem pelo, Velum voador), Garabuja e seus amigos com certeza são um convite a uma leitura super engraçada misturada ao receio das crianças em ver os monstrenguinhos desfilarem nas páginas com versos tão cuidadosamente traduzidos por Alípio Correia de Franca Neto.
Fica a dica: que tal nomear com um nome diferente cada um dos monstros que vivem na imaginação da criança? Peça a ela para fazer um desenho e escrever um nome do medo ou do monstro e assim soltar o artista interno de cada um… a bicharada do livro com certeza vai servir de inspiração rsrs… que tal se envolver na brincadeira e fazer a atividade juntos?
Confira a galeria abaixo:Fuja do Garabuja

Já em Quem quer este rinoceronte? a brincadeira gira em torno de um rinoceronte que está sendo vendido por um menino e, para convencer o leitor a levá-lo para sua casa, elenca uma série de vantagens (e às vezes desvantagens também, ele é sincero, vá lá rsrs) de ter um bichinho de estimação como esse…
Quem quer este rinoceronte?
Ele está à venda, bem barato,
enorme, chifre curvo e longo,
quietinho como um camundongo.
Abana a cauda, contente,
é bom de abraçar toda hora
e muito útil ao redor
da casa onde a gente mora.
Por exemplo…
E o que vem a seguir são as razões, uma mais engraçada que a outra, para adotar um bicho nada convencional para fazer parte da família… As ilustrações tornam tudo ainda mais divertido, sempre com os traços característicos do Shel. Que tal um rinoceronte para ajudar na hora de pedir mais mesada do pai? Coçar as costas? Ou quem sabe devorar o boletim com notas baixas antes que seus pais o vejam? Bem, ele só não é bom em abrir porta, e nem para prestar atenção onde põe a pata rsrsrs… Garantia de muitas gargalhadas e a pergunta que não quer calar, afinal: você vai querer um rinoceronte destes na sua casa? Descubra as respostas dos pequenos e divirtam-se com a leitura! Veja algumas das ilustrações abaixo:
Quem quer este rinoceronte?


E o que dizer da dupla queridinha que fez com que Shel Silverstein ficasse ainda muito mais conhecido neste ano em todo o Brasil??? Simm, estou falando de A parte que falta e A parte que falta encontra o grande O. Ambos foram relançados este ano (graças a Deus hahaha) pela Companhia das Letrinhas. Textos muito sensíveis e que merecem a fama que receberam e que ganham o coração de todo mundo que os conhece. Como ensinar às crianças sobre amor próprio e autoestima? Será que devemos procurar fora de nós a nossa felicidade? Temos mesmo que estar sempre completos - e precisar de alguém que o faça?
Em A parte que falta temos uma parte que anda o mundo procurando a parte que lhe falta, afinal, ele não era feliz desta maneira, e sai por aí cantarolando uma canção:

Oh, busco a parte que falta em mim,
a parte que falta em mim.
Ai-ai-iô, assim eu vou,
em busca da parte que falta em mim

Nessa hora vale vocês criarem um ritmo só de vocês para cantarolar a música, e sempre cantarem juntos quando a música aparecer no texto (tenho certeza que vai tornar tudo mais divertido!). No caminho, a parte encontra as pequenas belezas da vida, na simplicidade das coisas, que ela sempre faz uma pausa para contemplar. Continua nessa busca, encontra uma ou outra parte que parece lhe completar mas… não era exatamente aquilo que esperava. Até que um dia, finalmente, acha a parte perfeita que tanto procurava! Mas, espera aí, será que valeu a pena a espera? Será que foi bom esse encontro? Não deixe de perguntar a opinião dos pequenos, eles podem dar respostas que podem te surpreender!
Já na sequência, A parte que falta encontra o grande O, é a vez de vermos a eterna busca da parte que faltava no livro anterior. A saga continua, mas com o outro personagem, um pequeno triângulo deitado, e já que ele é tão pequenino, fica até mais difícil achar quem lhe complete:

A parte que falta se sentou sozinha…
à espera de que alguém
aparecesse
e a levasse a algum lugar.
Alguns encaixavam… mas não podiam rolar.
Outros podiam rolar só que não encaixavam.

A parte que falta tenta de tudo: ser mais vistosa, se enfeita, foge dos esfomeados, encontra outras partes delicadas demais… Mas ela também consegue encontrar outra parte que se encaixa perfeitamente. Final feliz da história? Definitivamente, não! A parte que falta começa a crescer, e já não encaixa tão bem naquela que pareceria seu par. Mas não se preocupe: ela encontra sua própria forma de ser feliz, no final das contas! O que isso nos lembra na vida? Às vezes estamos muito bem ajustados, acomodados com uma situação, e vem um vento mais forte e muda todos os rumos. Devemos esmorecer e lamentar, ou aproveitar com a lição que a vida nos dá e adaptar-se a novas situações? E ela não é cheia de desafios o tempo todo? Esses são temas que podem ser explorados com a leitura dessas duas obras primas de um autor muito sábio em explicar sobre assuntos difíceis com a leveza que um livro infantil merece, e que também é mestre em atingir em cheio os corações dos leitores! Confira trechos dos dois livros:

A parte que falta e A parte que falta encontra o Grande O


Estou super curiosa em conhecer as outras obras dele (muitas ainda disponíveis apenas em inglês, em livros importados). Só de saber que uma parte da obra dele ainda será relançada pela Companhia, fico felicíssima com a notícia! Eles já me adiantaram que em setembro deste ano terá o relançamento de Leocádio, o Leão que mandava bala, que traz uma reflexão sobre a verdadeira essência de alguém, sobre respeitar-se como se é de fato, apesar de todas as provas impostas ao personagem Leocádio pelo mundo externo e suas pressões… Ainda não o tenho, e está na minha wishlist hahaha… Além desse, estão previstos mais dois títulos para o ano que vem (segredo guardado a sete chaves rsrsrs… assim que tiver novidades, comentarei com vocês nas redes sociais…).

Pra finalizar, fica o convite: saiba mais sobre a vida e obras do autor na página oficial dele que está neste link. Nela também dá para imprimir atividades das mais variadas, além de páginas de colorir com as ilustrações do autor (printables) para a criançada se divertir, ou ainda baixar fundos de tela para o computador (wallpapers), cartões virtuais (e-cards), vídeos e áudios sobre ele. Basta clicar na aba Fun =)

Espero que tenham gostado, e divirtam-se com tudo o que Shel tem a lhes oferecer!
Um abraço e até o próximo post,

Jaqueline


* Alguns livros foram adquiridos pela autora do blog e outros foram obtidos através de parceria. Em todo caso, a autora reserva-se ao direito de resenhar apenas as obras que tenha realmente gostado, de forma independente e isenta, e a apresentar sua opinião pessoal sobre as mesmas a partir das experiências de leitura obtidas =)

Fichas Técnicas

A árvore generosa
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradução: Fernando Sabino
Editora: Companhia das Letrinhas, 2017, 64 páginas (26x20 cm)
ISBN: 8574067539
Idade recomendada: a partir de 3 anos

Fuja do Garabuja
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradução: Alípio Correia de Franca Neto
Editora: Cosac Naify, 2009, 64 páginas (26x21 cm)
ISBN: 978-85-7503-765-2
Idade recomendada: a partir de 3 anos

Quem quer este rinoceronte?
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradução: Alípio Correia de Franca Neto
Editora: Cosac Naify, 2007, 64 páginas (26x22 cm)
ISBN: 978-85-7503-586-3
Idade recomendada: a partir de 3 anos

A parte que falta
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradução: Alípio Correia de Franca Neto
Editora: Companhia das Letrinhas, 2018, 112 páginas (22x18 cm)
ISBN: 978-85-7406-817-6
Idade recomendada: a partir de 3 anos

A parte que falta encontra o grande O
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradução: Alípio Correia de Franca Neto
Editora: Companhia das Letrinhas, 2018, 120 páginas (22x18 cm)
ISBN: 978-85-7406-826-8

Idade recomendada: a partir de 3 anos

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