Numa tarde ensolarada e abafada da primavera de São Paulo, lá vou eu conhecer os bastidores de um dos clubes de leitura que mais amo de paixão: o Clube Quindim!!!

A Renata, uma das fundadoras, me recebe, se surpreende e cai na risada quando eu já chego perguntando: "socorro, cadê o ar-condicionado, tô derretendo!" Hahahaha... Logo eu, tão acostumada com o calorzin amazônico, quem diria rsrsrs...

Foi no bairro de Moema que eu descobri, no segundo andar de um discreto prédio comercial, como funciona toda a operação do Quindim. O clube começou já tem alguns anos (você pode conferir essa entrevista que eu fiz com o Volnei, também fundador do clube, bem no comecinho do blog, é só clicar aqui nesse link ), e vem ampliando o número de assinantes sempre através da propaganda justa e no boca a boca de quem já acompanha o trabalho sério deles e recebe os livros maravilhosos enviados todos os meses.

Nessa conversa super gostosa que eu tive com a Renata, conheci a equipe e um pouquinho do que cada um desenvolve para que o Clube possa levar, a cada cantinho do país, a literatura infantil realmente engajada com a formação de pequenos leitores: A Marina, que trabalha com o conteúdo e postagens das redes sociais (e com quem eu converso com frequência rsrsrs), a Júlia, que faz o atendimento aos assinantes (e, portanto, quem vai atender você, leitor ou assinante do clube, quando quiser tirar suas dúvidas ;D), o Gislan, que é  responsável pelos pacotes lindíssimos que chegam todos os meses nas casas de vocês, com aquele nome bem lindinho da criança para os pequenos se sentirem ainda mais especiais (nossa, que orgulho que dá de ver o olhinho brilhando nessa hora em que minha filha vê o nomezinho dela ali, no pacote dedicado todo pra ela!).

Agora para tudoooo... por que nessa hora em que eu entrei na sala onde fica o Gislan, eu tenho que confessar para vocês que eu quase tive um treco, fiquei até sem fôlego: minha gente, pra quem é absolutamente apaixonado por livros, entrar naquela sala foi como estar num paraísooo hahahaha... Cheinha de livros absolutamente novos, prontinhos para serem embalados no papel estampado com o rinoceronte mais famoso do Brasil, com aquele cheirinho gostoooso de livro novo, que vicia, que faz não querer sair mais dali... Nem sei se a Renata percebeu, mas a minha vontade era conversarmos ali mesmo, só pra ficar sentindo o cheiro de livro novo o tempo todo kkkkk... Mas a gente precisava deixar o Gislan trabalhar rsrsrs...

A equipe também é composta pela Patrícia, que cuida com carinho de toda a operação e administrativo, a Carla, que é a gerente de marketing, e o Daniel, da área estratégica e de sistemas do Clube...

No bate-papo que tive com a Renata, conversamos sobre vários assuntos relacionados à literatura infantil e ao mercado brasileiro nesse segmento, e temos pensamentos bem parecidos sobre os temas. Ela me contou um pouquinho de como foi crescer organicamente desde o início, sempre focando na qualidade literária das obras enviadas aos assinantes.

Uma das ideias do Quindim é mesclar o envio de livros clássicos com os autores contemporâneos, para que assim o assinante possa ter uma biblioteca bem diversificada. No momento, o clube tem por volta de 1.400 assinantes espalhados em todos os estados brasileiros, das classes A a C. Pretende continuar a crescer de forma responsável e ética, pois o foco sempre foi no conteúdo dos livros, e não em quantidade astronômica de assinantes, levando leituras ou livros que nada têm a acrescentar à biblioteca de um pequeno leitor cujos responsáveis sejam comprometidos com ideias e valores desse futuro cidadão.

Além disso, também apoia as editoras "pequenas" ao selecionar seus livros para os assinantes (eu digo pequenas entre aspas pois é só no nome, por que é cada livrão!! rsrs), e com isso revela a muito mais pessoas o trabalho sério de editoras (só a título de exemplo) como as do Coletivo Alice (clica aqui para saber mais sobre elas no Instagram). São editoras que apresentam ao público obras diversificadas e com temas que agregam bastante à formação literária da criança, e que estão crescendo aos pouquinhos nesse mundão de corporates e gigantes de vendas... E, dessa forma, todos crescem de forma justa ;)

A Renata e o Volnei têm formação acadêmica, experiências e vários cursos na área de Literatura Infantil, e com eles tem um time de curadores de peso, que decidem todos os meses quais os livros que chegarão até vocês. São nomes como Ziraldo, Ana Maria Machado, Marina Colasanti, Marisa Lajolo, Glória Valladares (bibliotecária que desenvolve um projeto fantástico de leitura infantil na minha cidade, Porto Velho: é o "Leitura no Sítio" que, sempre que posso, mostro no instagram). Muitos outros profissionais engajados com a literatura infantil estão envolvidos na curadoria do Quindim, ou seja, gente realmente entendida no assunto!

No último ano o Quindim tem investido nos lançamentos exclusivos pelo Clube. São obras que ainda nem chegaram às livrarias e vão direto para a casa dos assinantes, surpreendendo muitooo pela sensibilidade com que nos tocam na mente e no coração, como "Estranhas criaturas" (confere a resenha clicando aqui), para alertar sobre a preservação da floresta (com direito a brinde de sementinha de Ipê amarelo para a garotada plantar! Achei genial!) e "Quebra-cabeças", de Diego Bianki (veja a resenha clicando aqui), uma leitura absolutamente incrível sobre respeito ao outro, às outras culturas e formas de pensar, sempre considerando o outro com empatia, de forma levar a criança a ver que somos formados a partir desse outro também! AH, e veio com um quebra-cabeças para os pequenos brincarem depois (os brindes do clube são um quesito à parte, é cada mimo!). Já mostrei essas obras recebidas pelo Quindim todos os meses no Instagram do Lendo Junto! :D

E o mais interessante é que o clube se preocupa em levar também conteúdo relacionado à infância e todas as questões que envolvem a criação de filhos nesses dias meio loucos em que a gente vive: através do blog (https://blog.clubequindim.com.br/) os pais e assinantes também têm dicas de parenting, e não para por aí. Sejam questões emergentes a partir de situações no dia a dia, do que anda acontecendo no mundo, datas comemorativas, tudo vem sempre acompanhado de boas dicas de leitura sobre o tema, e que inclusive às vezes vai parar nas próprias escolhas do mês :D

São posts que vão de autoestima e consciência negra a censura, descolonização e identidade. Ou seja, monotonia (ou monotemas) definitivamente não é o que os assinantes do clube têm rsrsrs... Desconstruindo mitos, seja em relação a como contribuir para a formação do pequeno leitor, seja para introduzir através da leitura alguns temas que pareçam "difíceis", o blog está recheado de dicas e em constante atualização para vocês! Aconselho a dar uma olhada no blog, ele reflete muito do que te espera nas leituras que são enviadas todos os meses com carinho aos assinantes ;)

Eu acho incrível como tem certas vezes que esses conteúdos parecem estar em sintonia com o modo como penso. Sério, tem vezes que penso sobre as questões atuais que vivenciamos na nossa sociedade, no que vemos nos noticiários, e dali a pouco vem o Quindim com algum post maravilhoso sobre o assunto, parece transmissão de pensamento rsrs...

Eu pude perceber todo esse cuidado com o livro enviado todos os meses, é tudo feito com amor e dedicação, nos mínimos detalhes. De fato, é um dos poucos clubes que indico de olhos fechados aos meus seguidores pois venho acompanhando-os desde o início, e vejo que se preocupam constantemente em desenvolver temas transversais às leituras de cada mês, contribuindo assim para que a leitura seja um momento de reflexões múltiplas, tanto para a criança quanto para os responsáveis que a acompanham nesse momento tão gostoso que é ler juntos! E continuo a recomendar, pois se você procura um serviço de curadoria especializada em livros infantis, pode ter certeza que achou um grande parceiro no Quindim!

Convido vocês a conhecerem o site do clube, além de recomendar muito a leitura do blog e redes sociais (clique nos nomes para conhecer) e, depois de se convencer que a proposta tem tudo a ver com o que você procura, deixem-se surpreender todos os meses com leituras surpreendentes que o clube irá proporcionar para a sua família.

Ah, pra te ajudar nessa tarefa, sempre é bom lembrar que o Quindim é um clube parceiro do Lendo Junto e por isso temos um desconto exclusivo de 30% off na 1ª. mensalidade do seu plano: basta clicar no link a seguir para efetivar sua assinatura e garantir seu descontaço! Só pra você que me segue!! Fala aí, legal demais heim??? ATENÇÃO: o desconto só será aplicado na etapa final do carrinho se a assinatura for feita a partir deste link: https://bit.ly/3YTlNLw

É isso galera!

Espero que tenham gostado da matéria, espero retornar em breve com mais novidades e dicas para vocês aqui no blog, e fica de olho: neste mês de fevereiro estamos completando 3 anos recheados de sorteios para vocês!

Quem nos segue já sabe: o blog faz aniversário e quem ganha o presente são vocês! Uhull (spoiler: os sucessos dos sorteios foram enormes e adianto que vai ter kit do Quindim nas próximas semanas, junto com outros parceiros, obaaaa). Basta nos seguir e ficar ligado no nosso instagram: https://www.instagram.com/lendojunto/?hl=pt-br

Abraço e até o próximo post!

Jaqueline

Fonte da imagem: Blog da Companhia

Oi gente! Belezinha?

O tema do post de hoje é algo pelo qual sou apaixonada: Tradução!!!

Simmm 😍… Inclusive, pela minha área de formação (Letras), e pelo interesse que sempre tive pela língua inglesa, esse post é bem especial para mim hehehe…

Você já parou para pensar como são feitas as traduções das obras infantis?

Pela minha experiência de apreciar vários textos, não apenas de autores brasileiros mas especialmente de autores estrangeiros (e o mercado de literatura infantil está bem abastecido deles), sempre procuro visualizar como era o texto no seu original. Sério! Isso é uma das coisas nas quais me pego imaginando quando me deparo com um livro que sei que foi traduzido do inglês para o português rsrs… Claro, já vi traduções bem ruins, mas a maioria (ainda bem!) é muito boa, e algumas são tão legais que você nem percebe que foram escritas em outro idioma, de tão fluentes que ficam!!! A estes tradutores, meus parabéns ;D

Uma das editoras que mais capricha na tradução de suas obras infantis é, com certeza, a Companhia das Letrinhas (da qual sou fã dos títulos!). Alguns dos livros favoritos na nossa casa são deste selo, e dos que eu mais admiro e indico também (pausa para um elogio: “Cadê o meu penico”? merece muitos aplausos!!!)...

Aliando o amor pela tradução e pelos livros infantis, trouxe a vocês essa entrevista super bacana que foi publicada na Revista Tradterm, inteiramente dedicada aos Estudos da Tradução na USP (Universidade de São Paulo), na qual os editores da Companhia das Letrinhas e Seguinte (ambos selos da Companhia das Letras dedicados à literatura infantil e juvenil) dão um panorama do processo tradutório das obras estrangeiras no âmbito da editora. Que caminhos o texto percorre até chegar nesse livro tão legal que você lê com sua criança? Você pode conferir neste link (clique aqui) a entrevista completa, publicada no volume 30 (2017) da Tradterm. Solicitei permissão aos editores da revista para replicar aqui no blog essa super entrevista, que você pode conferir agora (tá legal demais!):

Entrevista com os editores do selo Companhia das Letrinhas

A entrevista aqui apresentada foi concedida via e-mail pelos dois editores entre os dias 17 e 23 de maio de 2017. O foco da entrevista são as traduções publicadas pelo selo Companhia das Letrinhas: mercado de tradução, escolhas da equipe de tradutores, revisões, intervenções por parte dos editores, etc.

Antônio Augusto Castro do Nascimento, 24 anos, natural de Guaratinguetá – SP, é formado em letras pela Universidade de São Paulo, faz parte da equipe editorial dos selos: Seguinte e Companhia das Letrinhas do Grupo Companhia das Letras.

Gabriela Ubrig Tonelli, 24 anos, natural de São Paulo – SP, formada em Editoração pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Desde 2014, faz parte da equipe editorial dos selos: Seguinte e Companhia das Letrinhas do Grupo Companhia das Letras.

Entrevista sobre o mercado de traduções

Como vocês veem o mercado de tradução de obras para o público infantil e juvenil no Brasil hoje? Há muita demanda?

Editores (eds): No catálogo da Companhia das Letrinhas, cerca de metade das obras são internacionais, ou seja, precisam ser traduzidas. O catálogo da Seguinte (o selo juvenil do Grupo Companhia das Letras), porém, é quase inteiramente traduzido. Então existe uma demanda grande sim, mas especialmente maior na literatura juvenil. E essa questão é perceptível não só aqui, mas em outras editoras também!

Como é a escolha do tradutor para cada obra?

Costumamos pensar nos gostos pessoais do tradutor e no tipo de livro que ele costuma traduzir mais. Por exemplo, para um livro de poesia, é interessante escolhermos um tradutor que seja poeta ou que já tem bastante familiaridade com o assunto, se especializou nesse tipo de tradução etc. No caso da literatura infantil e/ou juvenil, por exemplo, precisamos de um tradutor que consiga se adaptar à linguagem desses públicos. Um tom de “tiozão” num livro pra adolescentes não rola, haha (sic).

Vocês contratam por trabalho ou já tem tradutores fixos na editora?

Editores (eds): Nossos tradutores são freelances, então contratamos por livro. É claro que, no caso de uma série, sempre fazemos de tudo para manter o mesmo tradutor, por exemplo. Nos livros infantis às vezes acontece de um ou outras traduções serem internas, realizadas por alguém da equipe editorial, mas essas são as exceções.

Os autores costumam influenciar nessa escolha do tradutor ou no próprio trabalho depois de pronto? Existe intervenção por parte de editoras do texto de origem?

Editores (eds): Quando contratamos os direitos de publicação de livro estrangeiro aqui no Brasil, às vezes existe uma cláusula no contrato de que a tradução precisa ser aprovada pelo agente literário (que representa o autor), pelo autor ou pela editora original. Nesse caso, se alguma adaptação não for aprovada por uma dessas instâncias, mudamos a edição e seguimos o pedido delas. No geral, os autores não costumam influenciar na escolha dos tradutores. A escolha é da equipe editorial, que sempre procura escolher o melhor tradutor para o livro e, em alguns casos, manter sempre o mesmo tradutor para as obras de um mesmo autor.

Como relação às coleções, vocês preferem que um mesmo tradutor traduza toda a obra do autor?

Editores (eds): Sim, em caso de séries e coleções, procuramos manter sempre o mesmo tradutor (assim mantemos também o mesmo tom de texto ao longo dos livros).

Qual a influência de vocês como editores no texto traduzido? Vocês fazem modificações/recomendações?

Editores (eds): Após recebermos a tradução, ela é encaminhada para a preparação de texto, que pode ser feita por alguém da equipe interna (o que costuma acontecer com os livros infantis) ou por um preparador de texto externo (o que normalmente acontece com os livros juvenis e/ou “adultos”). Essa é a primeira edição do texto, que será padronizado e conferido (tanto em questões ortográficas e gramaticais quanto se a tradução está correta, se o arquivo está completo, se alguma adaptação poderia ser melhorada etc.). Após a preparação, o texto passa pela edição, ou seja, pela leitura e por alterações feitas pelo editor do livro. O texto traduzido normalmente sofre muitas mudanças, especialmente de adequação de tom ao público, além de outras escolhas editoriais, como escolha final do título, de nomes de personagens etc. Quando necessário (e quando são grandes mudanças), há uma conversa entre o editor e o tradutor para rever alguns pontos etc. Mas não necessariamente toda mudança no texto traduzido passa pelo tradutor (um erro, por exemplo, será corrigido e nem sempre mencionado ao tradutor).

Qual a preocupação de vocês com relação ao texto traduzido para o público infantil?

Editores (eds): A grande preocupação talvez seja deixar o texto realmente próximo do leitor. Ele deve conversar com seu público, ou seja, com a criança brasileira. Isso envolve tanto a questão do tom usado (além de sempre seguirmos o original, claro; por exemplo, textos mais formais na língua original devem manter-se mais formais em português) quanto a questão de adaptação de contexto e de palavras (por exemplo, um livro que fala sobre sorvetes deve trazer sabores conhecidos pelas crianças aqui no Brasil, por isso muitas vezes existe uma conversa entre editor-tradutor e editor-autor/agente literário/editora original para que haja uma adaptação e a melhor opção seja a que chegue até o leitor).

Qual a posição de vocês com relação à domesticação e estrangeirização do texto fonte?

Editores (eds): Já exemplificamos algumas vezes em que achamos importante uma “adaptação” para um contexto mais brasileiro, mas a proposta não é mudar a “cara” do livro ou simplesmente abrasileirá-lo — o importante é o leitor entender a mensagem e se sentir próximo da história, personagens etc.; mesmo que ela se passe em um lugar diferente.

Gostou? Bastante esclarecedor não é?

Se você tiver sugestões ou quer ver mais sobre algum assunto relacionado à literatura infantil aqui no Lendo Junto, pode enviar sua sugestão através do e-mail lendojunto@gmail.com, ou pelas redes sociais do blog: @lendojunto .

Um abraço e até o próximo post :D

Jaqueline